JOSÉ MANUEL MARTINS
«A directora da iluminada revista Colóquio-Letras, edição da Gulbenkian, fertilizando a bela arte & a literatura indígena tantos anos a fio, numa sublime quanto apaixonada lealdade poética, foi dispensada do culto da obra e da qualidade do luxo, coisa que francamente o provincianismo da paróquia detesta. O portentoso duo Vilar & Grilo consentiu a ignomínia. E não satisfeitos com o tumulto instalado, nada incomodados com o desalento que resta entre os leitores da (singular) revista, avançaram para o “despedimento com justa causa” da Joana Morais Varela, a pretexto de susceptibilidades, presumidamente, mais ou menos prosaicas. O respeito e gratidão que se devem à directora da Colóquio – e que constituem a nobreza dos homens – não foram, decerto, contemplados. Mas não deixam de ser o genuíno sentimento dos seus leitores e admiradores. Obrigado, Joana!
“Cresce uma voz do nada para logo se calar. Suponho que o lugar de verdade para que somos remetidos é o ponto de silêncio, como se fala do ponto de fusão, como se fala do zero. Donde só é possível gritar: penso que gritas uma espécie de palavras ou de urros ou de silêncio, do silêncio mais escuro de que as vozes são capazes. Só pelo poço mais fundo da noite, na brecha última da última garganta a tua. Por isso essa história incrível.
(As histórias de amor são impossíveis: nunca se parte para nada e estamos sempre de volta à nossa perdição.)”
[Joana Morais Varela, 19/11/1978, in revista Abril, n.º 9, Novembro 1978, p. 44]»
Fonte: Almocreve das Petas
“Cresce uma voz do nada para logo se calar. Suponho que o lugar de verdade para que somos remetidos é o ponto de silêncio, como se fala do ponto de fusão, como se fala do zero. Donde só é possível gritar: penso que gritas uma espécie de palavras ou de urros ou de silêncio, do silêncio mais escuro de que as vozes são capazes. Só pelo poço mais fundo da noite, na brecha última da última garganta a tua. Por isso essa história incrível.
(As histórias de amor são impossíveis: nunca se parte para nada e estamos sempre de volta à nossa perdição.)”
[Joana Morais Varela, 19/11/1978, in revista Abril, n.º 9, Novembro 1978, p. 44]»
Fonte: Almocreve das Petas
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